A Essência como base do Sentido

“Ninguém nos pode tirar e roubar daquilo que depositamos no passado. O ato feito; um amor amado; um sofrimento que encaramos honestamente é algo indelével. Em geral, apenas vemos os vestígios das colheitas do passado. O que não vemos, contudo, aquilo que ignoramos, é o celeiro completo, são os silos em que resgatamos nosso passado, nossos feitos, nossas experiencias – a colheita de nossas vidas”. Viktor Frankl

Muito se tem falado da essência, mas ainda não foi descrito em concreto, embora implícito, o que realmente é, como se substância. Muitos já o saberão, por certo, através do conhecimento tido com base na muita leitura que já se encontra disponível e de outros meios à escolha. Contudo, nem todos.

Esta pequena introdução é, por suposto, direcionada aos que ainda não se inteiraram do significado dessa grandiosa palavra “essência”. Mas também relembrar aqueles de cujo significado, embora sabidos do seu propósito, lhes tem passado a jusante.

No dia-a-dia de cada ser humano, empregam-se necessariamente horas estipuladas para tudo, para os mais diversos afazeres inerentes à condição e necessidades humanas. Há lembranças que não podem ser esquecidas na ordem dos labores, da família, assuntos pessoais, que para que tudo se consiga a seu tempo têm de ficar registadas na memória da mente, a dita memória física, sob pena de os prejuízos, por falta de cumprimento, serem elevados. Esta é uma réstia da memória física do ser humano.

A esta semelhança, a vida humana não é só ela feita destes lanços de agenda controlada por relógios. Vai muito mais além, a uma longevidade inalcançável. O ser humano em toda a plenitude do ser, é dono de um manancial de situações vividas, experiências, emoções, episódios pensados já esquecidos mas que não o estão, outras vivências e experiências conexas…, que vão para lá da matéria. 

Tal como a memória da mente, que guarda os registos do dia-a-dia, uma outra memória se sobrepõe a esta: “a memória da essência”, “da alma”, de quem o homem realmente é. É neste ponto da existência humana que tudo começa e tudo acaba. No entanto, todas as memórias da essência, que não são regidas pelo tempo biológico, para uma manutenção saudável do ser que a suporta, carecem de ser bem nutridas por recordações felizes, alegres, construtivas; e ultrapassadas aquelas que trouxeram momentos existenciais tidos como não os melhores.

É nestas últimas que se retém o problema da existência da humanidade, que, por sinal, tende a alimentá-las em detrimento das boas memórias. Numa postura de irreverência, os ódios são alimentados, as mágoas, a amargura, a raiva, a tristeza, as recordações menos felizes, a teimosia, a inflexibilidade…, tudo é facilmente alimentado. 

E como tudo o que é alimentado cresce, também estes sentimentos crescem na essência humana ao ponto de esta não ter mais espaço para suportar a carga, acabando por alastrar pelo corpo físico. O resultado é que o corpo não está preparado para tamanha sobrecarga e repele-a. Como? Sob a forma de doença, por vezes com caráter de imobilidade e inclusive de incurabilidade.

A essência humana é toda ela de uma inteligência, de uma vida, de uma grandiosidade inultrapassável. Carece o ser humano de cuidar desta que dá forma e textura à sua vida. O bom pensamento, sentimento, emoção, ação, escolhas salutares, são este o alimento que a essência pede para um corpo sadio. As opções são da competência de quem as detém. Urge escolher bem para estar melhor. A sua essência, o que você realmente é, a origem da sua vida em suma, “VOCÊ” agradece.

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