Conhecer-se a si mesmo é, talvez, a missão menos fácil que
o homem tem na sua vida. Diariamente, acontecem exemplos que encriptam a
afirmativa aqui firmada.
Sabido é que o ser humano tem vindo a
direcionar a sua atenção para os que o rodeiam, no seio familiar, no círculo
social e laboral e também para os que simplesmente lhe são desconhecidos, mas
que, por uma qualquer razão, chamam a sua atenção. As preocupações para com
aqueles que lhe são afins abundam ao ponto mesmo de pretender (de forma
inconsciente ou consciente) vestir um fato que não é seu, embora este nem
sequer lhe assente na perfeição.
Tendencialmente (e porque o homem se
olvida de enxergar bem dentro de si), um qualquer julgamento é proliferado com
demasiada leveza, raiando, inclusive, o limiar da responsabilidade que o mesmo
encerra em si, que cada um tem por si e, por inerência, pelo outro. É mais
acessível vislumbrar nos demais do que em si mesmo.
É neste ponto que reside o trabalho de
casa de cada elemento que constitui o círculo humano. Não se verifica qualquer
fonte de valor em perseguir a trajetória de uns e de outros. Todos, sem
exceção, têm o seu próprio caminho a percorrer, Caminho este que também é da
responsabilidade do homem construir. O que encontrará no final do mesmo é
somente fruto da sua obra, da sua edificação. Não o é, por certo, pelas mãos
dos demais, embora estes possam até facilitar o empreendimento, que o trajeto
de cada um é contornado.
Muitos dos caminhos a percorrer
convergem naturalmente com outros caminhos, no entanto, estes são
intransmissíveis, são uma aquisição própria, cabendo a cada elemento, homem ou
mulher, tornar a sua jornada mais ou menos prazerosa.
Este caminho de que se fala corresponde
ao percurso da própria vida existencial em que, como já foi firmado, cada um é
por si responsável. Guardar uns poucos minutos da vida diária para se
interiorizar em si mesmo, para ouvir a sua própria voz interior, contemplar os
seus verdadeiros estados de sentidos, usando de total imparcialidade de
avaliação, é o mesmo que procurar por si, dentro de si, é aprender a
conhecer-se, a amar-se, é abrir-se ao conhecimento e permitir-se deixar fluir
livremente as descobertas que daí advirão.
A partir de um foco de atenção voltado
para si mesmo, o ser humano verá pormenores dos seus traços de personalidade
que necessita limar; a sua forma de sentir que necessita lapidar; as atitudes
que necessita contornar.
Pretende-se que o homem seja o espelho
que reflete o melhor que há nos outros seres semelhantes e, em contrapartida, colocar-se
também ele numa posição em que os outros possam ser o espelho que reflete o
melhor que há em si.
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